quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

Baixista do Barão Vermelho, Rodrigo Santos grava segundo disco solo.

Baixista do Barão Vermelho, Rodrigo Santos já fez parceria com Léo Jaime, Kid Abelha e outros nomes da música. Agora, ele lança seu segundo disco solo, "O Diário do Homem Invisível". Na banda de Rodrigo, estão Fernando Magalhães (guitarrista do Barão Vermelho), Kadu Menezes (baterista do Kid Abelha), Jorge Valldão (baixista do Kid Abelha) e Humberto Barros (tecladista do Kid Abelha).
Confira abaixo a entrevista com Rodrigo Santos, onde ele conta sobre a produção, as parcerias, os shows e muito mais!



Mais de duas décadas de carreira, este é o segundo disco solo... Conta um pouco sobre a produção.
Este segundo disco foi até mais rápido do que o primeiro, porque o primeiro eu vim fazendo enquanto o Barão estava na estrada ainda, quando a gente parou, durante um ano, eu fiquei construindo meu repertório. Este, em praticamente um mês eu fiz tudo, com o Humberto Barros, que toca no Kid Abelha também, entre outros, só que eu sou maluco para caramba e no meio do disco mudei cinco músicas, porque fiz as cinco na casa do Humbeto, onde foi gravado o álbum, no estúdio dele, as baterias eu gravei todas na Som Livre, mas o resto foi tudo na casa do Humberto. Foi um disco bem caseiro, mas que soou com coesão porque tem muita participação, o Autoramas, Os Filhos da Judith, Canastra, que foram gravados todos na Som Livre porque a gente precisava de um estúdio maior para poder filmar e tal, colocar aquela faixa interativa que tem no CD, com todo mundo que participou do disco, e o Ney Matogrosso já cantou no estúdio do Frejat, o Cidade Negra foi na casa do Lazão, no estúdio lá do grupo, com bandeiras da Jamaica ao redor.
Foi um disco variado, mas bem direcionado num certo momento. Eu acho que em um mês e meio a gente fez este disco, teve uma parte que eu gravei em Petrópolis, o Coral das Princesas de Petrópolis... Era mais fácil eu ir para lá do que trazer 38 meninas de ônibus, e eu fui, a gente passou a tarde lá e tal. O conceito do trabalho já estava na minha cabeça, a arte da capa, por exemplo, é um desenho meu que eu transformei numa fotografia, onde eu chamo dois integrantes ou um integrante de cada banda que participou do disco: tem os Filhos da Judith na capa, o Bacalhau, baterista do Autoramas, o Edu, do Canastra, que é o baixista, Marília Besser, uma cantora também que eu estou produzindo, eu e minha mulher...
Então é um CD que eu já sabia mais ou menos tudo que eu queria antes de fazer, ele é uma extensão da temporada que eu vinha fazendo tanto no Rio como em São Paulo, chamando muitas participações e transformando cada show quase num espetáculo circense. Lá no Rio eu fiz muito isso, teve um dia com 18 canjas, de um baterista de 7 anos ao Hyldon, por exemplo, da Velha Guarda, passando pelo Canastra, Arnaldo Brandão... Eu variei muito as participações e me deu a ideia de fazer este disco, de uma maneira diferente do meu primeiro. Ele é mais para cima, mais rock'n roll, o primeiro foi mais folk, este não. Este tem baterias eletrônicas, cordas, sopros, tuba, é um disco com outras influências, mais de Beat Boys, de David Bowie...



Eu o construi relativamente rápido. A gente entrou no estúdio, começou a gravar, as vozes eu gravei praticamente todas de primeira, no quarto do Humberto, e quando fui regravar na Som Livre preferi as vozes originais, estavam mais espontâneas, eu estava mais à vontade, sentado na cama, gravando, ninguém me olhando e eu cantando o que queria cantar, e isso não foi nem programado, a gente comparou e escolheu... E é a produção do Humberto com várias participações.

Como foi a escolha dessas participações? Porque tem desde o Hélio Flanders, do Vanguart, até o Ney Matogrosso...
O Hélio foi de uma maneira até diferente. Ele participou do meu show aqui em São Paulo, no Na Mata Café, e a gente cantou cinco músicas juntos. Ele adorava o 'Sono Vem', que é uma música minha que eu tinha no Barão, fizemos Beatles e tal, e aí eu já tinha ido em dois shows do Vanguart. Quando ele saiu do show, me mandou um e-mail dizendo que tinha adorado a participação e que adorou meu trabalho, aí eu mandei para ele, inédita, ninguém tinha escutado ainda, a demo de umas sete músicas, então ele se amarrou, adorou o trabalho e pediu para participar de uma. Fui mandando as músicas e falei 'escolhe uma aí', ele escolheu 'O Homem da Máscara de Ferro', que é a que ele canta, e mandou a voz por e-mail mesmo...
Com os Filhos da Judith foi assim também. Eu queria que tivesse uma sonoridade diferente... Com o Autoramas, eu queria que fosse aquela música mais rock'n roll... Com o Canastra era uma vinheta circense, queria que abrisse o disco, acabou encerrando. Chamei o João Penca e Seus Miquinhos Amestrados para a mesma faixa, que tinha que ter aquele clima de quase bárbaros né, irlandeses batendo caneca num bar, depois de um jogo de futebol, cantando "bom dia, boa tarde, boa noite". Os Filhos da Judith eu mandei por e-mail voz, violão e um vocal meu, eles mandaram 15 minutos depois com melotron, guitarras, baixos e os vocais deles, e eu quase chorei quando eu escutei a música no e-mail, não acreditei que eles tinham feito aquilo tão rápido. Aí eu falei assim, 'olha, essa canção é de vocês', e quando a gente foi para o estúdio, já estava tudo pré-agendado, eu só fiz uma direção geral na hora, a gente filmou e, com o Canastra, pintou uma segunda música, que vai entrar no meu site, que era a música original que eu tinha gravado, depois eles gravaram a vinheta...



Como que está a agenda  de shows agora?
Cara, eu estava fazendo uma média de 12 a 15 shows por mês, muito interior de São Paulo...

Foram 400 shows nestes dois anos e meio...
Até agora, foi mais ou menos isso. Contando participações também, eu fui para a guerrilha mesmo. O "Diário do Homem Invisível", o nome não é à toa. Quem não é o cantor principal da sua banda, e isso acontece com vários de várias bandas, tem muita dificuldade, fora os contatos da amizade, é difícil, porque você descobre que 17 anos numa banda não são suficientes para você, primeiro encher a casa de um contratante que quer te levar para não sei onde, segundo entrar mesmo nos veículos de comunicação, quanto a isso a MTV sempre deu muito espaço e eu sou muito agradecido por isso assim, porque a dificuldade é esta.
Então, os shows foram acontecendo assim. Alguns eu comecei de voz e violão, com uma turnê que eu fiz pelo interior de São Paulo. Ali eu abria de voz e violão a porta e voltava com a minha banda, os shows eram bacanas... Mas era assim, voz e violão às 2h, numa boate para mil pessoas, 1h40 de show, então logo em seguida, uns três meses depois, eu voltava com a minha banda. Fiz isso no Espírito Santo e fiz muito a participação também com bandas locais, o próprio show em Vitória, por exemplo, pela primeira vez eu fui com uma banda chamada Trilha...
Esse negócio de bandas novas, eu comecei também a entrar em contato com todo mundo e foi bem bacana, porque me deu um panorama geral de como estava o mercado, como estavam as pessoas, o que elas estavam fazendo... Acho esta cena nova muito bacana. Essas quatros bandas que eu chamei para o meu disco são completamente diferentes umas das outras: Vanguart, Autoramas, Canastra e Filhos da Judith, e elas tiveram a ver dentro do trabalho, o que foi na verdade amalgamado pelo meu violão e pela minha voz, e você não sente com fragmentos, porque elas pensam talvez da mesma maneira, querem ir para estrada e ralar, não estão acomodadas... Existe uma ligação com a música dos anos 50 e 60, que eu acho que meu trabalho também, de uma certa maneira, revisita isso. Então, a própria participação de bandas locais me deu a possibilidade de poder chegar em outro público, porque até o cara da casa de Colatina, do Espírito Santo, querer me contratar, ele tinha primeiro que me conhecer, porque ele não sabia nem que eu era do Barão.



Continuo fazendo algumas participações, mas eu tenho ido muito mais com a minha banda agora, no mercado de empresas, corporativo, a gente ganhou um mercado legal também, estamos concorrendo com shows grandes... Por um lado parece limitador, mas por outro me motiva a correr atrás. E os 400 shows são também porque eu me disponibilizei a fazer coisas que talvez outros artistas não fizessem, como encarar 12 horas de van até Presidente Prudente, para fazer um show de voz e violão, e fiz... e adorei fazer, em teatros lotados.
Agora, apenas quero levar o show com mais qualidade, levar cenário, eu sinto essa dificuldade. Vou estar também trazendo todas as bandas para cá. Então, eu fretei um ônibus para trazer o Autoramas, para trazer os Filhos da Judith, a Marília, porque eu quero que as pessoas que ouçam o disco tenham pelo menos 80% do que está ali. Que é esta união das bandas que transforma o espetáculo em algo um pouco mais democrático, então, isso foi uma coisa espontânea da minha temporada, que acabou caindo no disco, e agora eu tento levar para alguns lugares da estrada. Em alguns lugares, eu poderia fazer com todos e outros com menos pessoas... No Rio, a maioria é de lá, Ney Matogrosso deve cantar, Cidade Negra... O Canastra queria vir para São Paulo, por exemplo, mas o ônibus tem 18 lugares, com eles, não cabia, e eu não tenho dinheiro para fazer uma empreitada maior do que esta... Eu tenho milhões de ideias, mas não posso realizar por esbarrar nesta questão ainda, mas é assim com o artista que começa do zero, o Barão é o Barão, Rodrigo Santos é outra coisa, assim como será o Fernando, o Frejat, que tem uma certa facilidade por ter sido o cantor durante anos.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Sua opinião é muito importante.
Obrigada!